segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pois no meu, que flua

"No teu texto
Tu enxutes
O que quiseres
Pois no meu
Que flua
Que corra
Que transborde
Que arraste
Que devaste
Que não sobre pedra sobre pedra
Pra mim palavra é diamante
Custa pra achar
Depois pra lapidar
Quando se termina de polir
Brilha sem parar
E o meu desejo é guardar
Se fulano-mal-carater vê
O seu sonho é roubar
Pois que fique aqui comigo
No meu caderninho
Se quiseres eu leio
Mas não toques
Se não com minhas palavras te firo
Com meu lápis te risco."

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Colocar-te-ei em meu papel

"Do mais-que-conhecido fez-se o iluminado
 Tu viajas, se afugentas de mim
 De quando em quando retornas
 E me deixas sombrio
 Sem teu mar de claridão

Porque me torturas tanto?
És tu descendente de Sade?
O Marquês endiabrado
Ou és do gênero massacrante?
Tarantina de coração

Metarmofose-te-ei
Colar-te-ei em meu papel
E em tí criarei asas
Asas grandes e luminosas
Para que assim como os raios de sol
Tú viajes sob o ar
Nessa velocidade disnorteante

E assim tu retornes para mim
Como um pássaro-poesia
Se alojando em meu peito

Escrevo-te porque sinto
Tenho sentimentos que de tão profundos
Às vezes parece morar no limite
No arrepio do pêlo
Entre meus dois mundos
Entranhado entre razão e o coração

Não sei se riu, ou se rio
Rio é um lugar onde a correnteza (que brota da íris)
Desce a ladeira levando o que passou e ficou, o que passou
O que se foi e ficou sem ter ficado
Emfim... o que marcou

Como explicar esse sentimento
Que de tão puro
Nem chega a esse mundo tocar
É algo inebriante
Que só os líricos conseguem se encantar."

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Superfície

"Introspectivamente falando, em meu monólogo interior; o que existe ainda não se sabe e o que se sabe é infinita claridão. Não consigo ver. Sinto. Essa luz emerge em meus sentidos, corrompendo o pré-conceito que meu intelecto impõe. Concentra-se pois no fim da claridão, a força motriz que energiza o prosseguir. Que arrasta, pelos trilhos da vida, meus impulsos mais compactos. Que teus olhos se cerrem, teus ouvidos se emudeçam e teu peito escute o que este mar de sequidão com suas revoltas ondas de esperança te perguntam: — na superfície do teu riso tem lírios?"